“O mercado de dividendos está em transformação este ano”, afirma Wendell Finotti, fundador e CEO da "Meu Dividendo", plataforma responsável por antecipar o pagamento de dividendos das empresas brasileiras. Empresas essas que estão distribuindo menos dividendos em 2023, optando por manter mais dinheiro em caixa.
Essa tendência é atribuída ao aumento da incerteza tanto no cenário local quanto internacional, influenciada por taxas de juros elevadas, expectativas de mudanças com a reforma tributária e a piora na geopolítica devido a duas guerras em curso. Nos primeiros dez meses do ano, a distribuição de proventos diminuiu em 31% em comparação ao mesmo período de 2022, segundo levantamento da plataforma.
Inicialmente, acreditava-se que a distribuição de dividendos seria forte em 2023, possivelmente a maior da história, mas isso não se concretizou devido à cautela das empresas diante do cenário desafiador. Em meio à incerteza, as empresas estão optando pela estratégia de manter recursos em caixa. Uma estratégia para isso é aumentar o prazo entre o anúncio da distribuição de proventos e o efetivo recebimento pelos acionistas.
As discussões sobre a reforma tributária, especialmente a tributação de dividendos e o possível fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP), têm influenciado a estratégia de recuo das empresas. A desaceleração econômica da China também afeta diretamente as empresas brasileiras, como a Vale, devido à menor compra de minério pelo país asiático, resultando, logicamente, em uma distribuição reduzida de proventos.
Em outubro, a média para o pagamento de dividendos foi de 117 dias, o prazo mais longo dos últimos 6 anos. Comparado a outubro de 2022 (58 dias) e 2021 (49 dias), há um aumento significativo.